Caio Fernando Abreu II

"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais - por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia – qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido."

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"Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total. Até a próxima morte, que qualquer nascimento pressagia."

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"Me explica, que às vezes tenho medo. Deixo de ter, como agora, quando o vento cessa e o sol volta a bater nos verdes. Mesmo sem compreender, quero continuar aqui onde está constantemente amanhecendo."

Caio Fernando Abreu

"Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza."

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"Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco tudo vai ser passado mesmo - deixa o vento soprar, let it be, fique pelo menos com o gostinho de ter brilhado um pouco... "

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"Porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência."

Tristeza x Felicidade

A tristeza é aquela visita que não agrada mas que deixamos entrar por ser tão frequente e fácil de achar. Tristeza vai além daquele aperto no peito, daquele vazio que sufoca. Ela está em toda parte: naquela criança com fome pedindo esmola no semáforo, no cachorro abandonado precisando de amor, nas pessoas que perdem a vida por banalidades, nos idosos que são deixados em asilos porque seus filhos esqueceram do "Honrar Pai e Mãe".
A tristeza é presença constante na nossa vida, nas situações, no descaso, no egoísmo, na injustiça, na maldade do ser humano. Está na pessoa que foi e não voltará, nos amigos que não podemos abraçar, nos amores que custamos a encontrar, nos sonhos que demoram a se realizar.

Talvez por esse motivo, a felicidade esteja tão distante para alguns e é encarada como sonho, utopia. Não por ser difícil de achar mas por ser algo que poucos mereçam. Não é algo que você simplesmente encontra, é algo que você colhe e planta. E exige paciência pois ela se colhe aos poucos, em estações alternadas.
Está em pequenas sementes, naquele fruto no galho mais alto. Por isso algumas pessoas se contentam somente com a tristeza: ela é tão mais acessível, é fácil de ver e encontramos em cada esquina. Diferente da felicidade que não está secretamente escondida, mas só pode ser encontrada pelas pessoas que realmente sabem procurar e reconhecem seu valor.

Hoje o mundo não tem graça
As estrelas não tem o mesmo brilho
As flores não têm a mesma beleza
O mar traz lembranças de tristeza

Hoje o sol já não ilumina
Estacionou uma negra neblina
A vitória não tem o mesmo sabor
Hoje não há motivos pra sorrirmos

O mundo hoje não tem a mesma graça
Também já não tem a mesma cor
Deus convocou um dos filhos
Pra nós, restou apenas a dor.

A saudade com a rotina se entrelaça
Foi-se um amigo que a todos cativou
Hoje o mundo não tem graça.

Rola uma lágrima.

E agora estamos aqui... Eu na companhia da solidão, da tristeza e das lágrimas. Das lágrimas que estou segurando pra não te fazer sofrer. Tenho tentando me convencer de que está tudo bem, mas não está.
Não sei mentir, não sei fingir.
Era mais fácil sorrir quando você estava aqui. Muitas vezes foi você quem me fez sorrir, muitas vezes rimos juntos. E agora esse vazio... Essa dor... Esse silêncio que nada preenche... de uma viagem de ida sem volta, de olhares, visitas e conversas que não se repetirão - de uma amizade interrompida sem direito a despedida.
Tá sendo complicado viver e não poder te contar o que se passa. As alegrias, as tristezas, os dramas, as expectativas..
Você sempre esteve do meu lado, maus e bons momentos. Nossa amizade não tem comparação. Você sempre queria meu bem, você nunca me deixou sozinha. Exceto agora.
Agora estou triste e você não está mais aqui pra me acompanhar.
Ainda é difícil acreditar..

Mas não me acostumei.

Mentira se eu disser que tá tudo bem..
Que a vida voltou ao normal e eu estou seguindo do mesmo jeito... Estou seguindo, mas com um aperto, um vazio, uma dor... Que eu sei que não tem cura... o tempo vai passar mas essa cicatriz sempre vai machucar...
Às vezes me sinto perdida... e de fato, um pedaço de mim se perdeu, se foi.. E não há palavra que diminua essa tristeza que agora há em mim...


[ Sei que você não ia querer me ver chorando, mas quando penso nisso, também lembro que você não está mais aqui pra me abraçar.. Me seguro tanto pra não chorar, mas sua ausência dói demais. Meu, você era meu amigo, você tá fazendo tanta falta nessa vida. Você me escutava, você me entendia, você se preocupada, você dizia que sempre estaria do meu lado. E agora,o que eu faço? ]